sábado, 26 de março de 2011

Matriarca

A Cultura cada vez mais se torna um meio privatizado, tanto pelo acesso a ela, quanto ter formação para entendê-la. É surpreendente a forma como a mesma nos provoca sensações internas que dialoga com toda nossa vida em apenas por alguns minutos de admiração. O processo de digerir uma obra pode durar seis segundos ou por toda aventura ininterrupta.
Ao deparar com a obra Matriarca ouve o ápice de dilaceração da mais pura vontade de ser livre como aquela sequência fotográfica.
O processo de romper com toda a sua matriarcal, o grito de liberdade que aquela mulher deu, a transição de uma vida que sempre foi oprimida para a liberdade aguçou meus desvarios. A mistura de meus prazeres e incomodações, instigando-me a romper com a opressão que encaramos de um Estado e Igreja que prega que a mulher é submissa ao homem. Discordo! Essa é a hora de romper!
Aquela sequência genial de fotos onde mostra uma mulher oprimida, com vestimentas onde ela não possa se mostrar da forma como quer, mas sim da forma como o Estado matriarca e a Igreja impõe. E com a ruptura, na transição de sua liberdade, ela se mostra nua sobreposta a uma imagem antiga de um casamento, uma expressão que me fez ater por minutos dialogando com aquela mulher o motivo dessa ruptura, uma expressão que não era específica, mas olhando em seus olhos de fotografia qualquer um notaria a sua luta. A foto nua marcada por uma criança mostra-me a verdadeira liberdade de optar pela maternidade e mais do que isso deixando em si marcas de um aborto.
Dialogar com uma obra não é tarefa fácil, não sei quem é o artista e nem o que queria dizer com esta sequência genial - mais marcante de minha vida até hoje - mas foram uma das poucas obras que sentei para admirar verdadeiramente. Pois aquela não era apenas uma sequência de fotos, era a luta de uma mulher que por toda uma vida é reprimida e sendo obrigada a reproduzir que é submissa ao homem e que ser submissa não é inferior, para fazer com que não se rebele de fato, e que ser submissa é cuidar de sua casa, marido e filhos com prazer, não dando o direito a mulher a questionar sua liberdade.
E por essa lógica religiosa que rompo, é que vejo nessas três fotografias um dos maiores marcos de minha vida e da liberdade daquela mulher, que mesmo que seja uma fotografia, é livre, pois é mulher!
É nesse processo que me liberto! Não somos submissas a ninguém!


(A obra de arte pode ser vista no MACC - Museu da Arte Contemporânea de Campinas - que fica na prefeitura)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

diferente

A melancolia que sua vida se tornou
A interrogação que se expôs no sussurro de seus lábios
E entre os dentes o ponto
Feijão cheiroso, olhos.
Diz-me que gosta
Do gemido, da boca, do sorriso, devaneio
Da loucura de seus cabelos
Paixão insensata aqui mesmo,
Ali.